Os azeites de Caçapava do Sul acumulam mais de 300 prêmios internacionais pela alta qualidade
Existem características inerentes ao território – que incluem a formação do terreno, o clima e até a composição microbiológica da terra – e dão atributos únicos aos cultivos e aos seus produtos, como o vinho, o azeite e a carne. Esse é o conceito de “terroir”, que no universo dos azeites de oliva extravirgem coloca Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, em destaque.
O município, que foi o pioneiro na produção comercial de azeites, teve em 2024 a segunda maior produção do Brasil, segundo ranking da Câmara Setorial da Olivicultura, e alcançou o posto de terroir mais produtos premiados. Ao longo dos quase 20 anos de atividade, os azeites de Caçapava do Sul já conquistaram mais de 300 prêmios internacionais por sua alta qualidade.
“Desconheço outro lugar no mundo que concentre tantas marcas de azeites premiados. Apostaria alto de que na América do Sul não há nenhum território com tantos títulos e, mesmo na Europa, nunca encontrei um município que sozinho tenha recebido tantos reconhecimentos. Lá a tradição é mais antiga, mas os prêmios são recentes”, observa o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) e produtor em Caçapava do Sul, Renato Fernandes.
Ele detalha que a 3ª Festa do Azeite de Oliva, que inicia no próximo dia 29 de novembro, é um momento privilegiado para que os consumidores possam conhecer melhor esse território e saborear os produtos locais. A Festa, além de oferecer degustação das marcas caçapavanas, também permitirá ao visitante fazer passeios turísticos. Caçapava do Sul foi reconhecida em 2023 como Geoparque Mundial pela Unesco.
O município tem 10 marcas – Prosperato, Vila do Segredo, Don José, Alma do Segredo, Costi Olivos, Nuance, Guaritas, Cerro dos Olivais, Olivas São Pedro e Olivas da Coxilha – e contará, em breve, com mais dois pomares implantados, aumentando o número de produtores. No município, está instalado o lagar (indústria) Prosperato, cujos dados são considerados para o ranking de produção.
Em termos gerais, os dados do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) apontam que houve quebra da safra 2024 de 67% em comparação com a produção obtida no ano anterior. O Rio Grande do Sul, que é o maior produtor brasileiro, passou de 580,2 mil litros produzidos em 2023 para 193,5 mil litros em 2024, em função do excesso de chuvas.
Fernandes salienta que a Festa também possibilita que o setor e o público conversem sobre as mudanças climáticas ocorridas não só no Brasil e no Rio Grande do Sul, mas no mundo. “O desenvolvimento deve andar junto com a preocupação ambiental e a olivicultura é uma atividade que planta árvores que permanecem produtivas por décadas. O setor ajuda a construir soluções e precisa se adaptar às mudanças, assim como já houve uma adaptação para se consolidar no Brasil, onde as características são distintas daquelas encontradas onde a oliveira é nativa”, disse.
O coordenador da Câmara Setorial da Olivicultura, Paulo Lipp, também concorda com a afirmação, e acrescenta: “os efeitos das chuvas de maio ainda têm reflexos na produtividade dos olivais, e os produtores vão ter que adotar uma série de manejos para se adequar”.
Os dados da safra 2023/2024, mesmo com o cenário desfavorável, coletados com os 25 lagares do Estado, mostram uma área plantada estimada de 6,5 mil hectares, enquanto a área em idade produtiva (quatro anos ou mais) é de 5 mil hectares. As maiores plantações estão nos municípios de Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Canguçu, Caçapava do Sul, São Sepé, Cachoeira do Sul, Santana do Livramento, Bagé, São Gabriel, Viamão e Sentinela do Sul.
Festa do Azeite espera público recorde em 2024
Com a expectativa de atrair um público igual ou maior que o ano passado, quando 30 mil pessoas circularam na feira ao longo de três dias, a Festa do Azeite de Oliva acontece no Largo Farroupilha, região histórica e central de Caçapava. A programação cultural ainda está sendo fechada e será anunciada nos próximos dias, mas já antecipa shows estaduais tanto de pop rock quanto tradicionalistas. O evento ainda terá praça de alimentação com degustação de produtos à base de azeite de oliva, feira da agricultura familiar, feira de artesanato ligada ao Geoparque e produtores de azeite de Caçapava do Sul e região.
Uma das novidades desta edição é o Pampa Summit, que acontece no sábado, dia 30, e mostrará alguns projetos que estão em andamento para fomentar o desenvolvimento regional. Passeios turísticos para alguns dos principais pontos do Geoparque Caçapava e programação técnica ligada à olivicultura também aguardam os visitantes.
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