Diarista acolhe três mulheres com deficiência mental

São Sepé
As três dormem em colchões no chão.
Aos fundos da casa Jussara quer construir um quarto e um banheiro para as três

Desde outubro de 2017 que Nilza, 57 anos, Xana, 27 e Andrisa, 22, mãe e filhas que têm deficiência mental, vivem em uma pequena casa de três cômodos no Bairro Londero, junto com a proprietária da residência, a diarista Jussara, e seus três filhos, de 10, 7 e 3 anos de idade. As três mulheres saíram de uma casa onde viveram por cinco anos com a antiga curadora e foram acolhidas por Jussara.

Das três, apenas Nilza recebe um salário mínimo (R$ 880,00) do Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinado a pessoa com deficiência de qualquer idade com impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo.

Jussara conta que conhecia as mulheres de vista, até que um dia pela manhã acordou e viu Nilza na rua chorando. “Aquilo foi automático”, disse ela sobre como acolheu as três. “Eu nunca tinha feito isso, mas não me arrependo. Mudou tudo na minha vida”. Jussara conta que muitas vezes tem de largar algumas faxinas em casas de família para atender às necessidades das “gurias”, como ela as chama. E passou a trabalhar somente à tarde para cozinhar de manhã. Enquanto trabalha, os filhos são cuidados por uma vizinha que também “repara” as três.

A diarista que vive com menos de um salário mínimo, além da pensão dos filhos, deseja construir uma peça aos fundos da sua casa com um quarto e um banheiro para as três. “Eu não sei mais onde bater pra pedir ajuda”, afirma. Jussara diz ainda que aguarda do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) a ajuda para construção das peças e cestas básicas. De acordo com ela, apenas quando acolheu as três em casa lhe foi doada uma cesta de alimentos.

Em contato com o CREAS, as servidoras explicaram que não conseguem verba para a construção dos cômodos por que se trata de uma obra em um terreno particular. Mesmo que a Jussara consiga aprovação judicial para se tornar curadora da Nilza (o processo já está em andamento), a obra só pode ser realizada com doações de particulares, ou da Ação Social que prometeu ajudá-las. Em relação às cestas básicas, a intenção é de conseguir uma para ser entregue na residência nos próximos dias.

A assistente social Cleone Scherer conta que sugeriu um aluguel social para manter Nilza e as duas filhas, mas que Jussara optou por abrigá-las em sua casa. Segundo Cleone, Nilza tem um terreno no Bairro São Francisco, aonde chegou a viver com as filhas, mas foram retiradas do local, pois não viviam em boas condições. No momento, o terreno encontra-se sub-judice.

A assistente social disse aguardar um atestado médico para Xana ou Andrisa, para que assim, possa encaminhar pedido de benefício a uma das duas ao INSS.

“São seres humanos esquecidas da sociedade. As pessoas olham pra elas de cima pra baixo e chamam de loucas. Elas não são loucas”, disse Jussara que teme que as três possam ficar na rua, ou serem separadas. Jussara conta também que Nilza, a mãe das meninas, sofre de catarata, tendo pouquíssima visão, e tem hepatite C. Atualmente, as três dormem em colchões no chão em um pequeno espaço no quarto que Jussara já dividia com os filhos.

Quem puder contribuir com cestas básicas ou materiais de construção pode entrar em contato com Jussara, através do telefone celular: 99673-9805.

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