MEU EU TACITURNO

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Não é de hoje que o Natal me deixa triste. A festa cristã, convertida em evento comercial, parece ampliar a desigualdade que o mundo vive. O simbolismo de Jesus, refugiado, que tomou de assalto um estábulo alheio para nascer, filho de pais pobres, nascido para mudar para sempre a Humanidade, mais de dois anos depois ainda não viu valer o versículo que Mateus revelou no Novo Testamento: ame o seu próximo como a si mesmo.
É um festival de desamor, no mundo que vejo. Amor ao próximo, amor a si mesmo. Para animar a festa, e nem sempre as cidades são brindadas com a criatividade de um Fernando Vasconcellos que cria um ambiente feliz nos dias que antecedem a data, a gente fica entretido com o Papai Noel, barbas brancas, barriga de fartura, e uma túnica vermelha brilhante distribuindo balas e desejando Feliz Natal.
Pois fica o Natal com sua atmosfera solidária que dura um dia, ou melhor, uma noite. Comemora-se a data na véspera. A noite que famílias celebram o nascimento de Jesus, engolem rancores políticos, posam para fotografias sorrindo ao lado de quem o fígado destila ódio pelas miudezas do convívio familiar. Celebram o natal, mas não praticam. A hipocrisia brilha em luzes temporárias e sorrisos que não estão muito preocupados com a situação do próximo.
E se os dias que antecedem são de angústia, os que vem imediatamente depois são de ócio. A semana entre o Natal e o Réveillon é a única que não faz sentido em todo o ano. Remotamente aparentados com o período entre o Ano Novo e o Carnaval, estes cinco dias são a síntese da inércia humana, e atravessá-los é tão incômodo quanto andar em um corredor estreito de parede chapiscada. São dias em suspenso em que nada começa e nada termina.
A sensação de que tudo já passou faz com que as pessoas se sintam exaustas. Algumas contentes, outras cabisbaixas, mas todas invariavelmente melancólicas. Melancólicas como se estivessem passando certa madrugada em claro, insones e solitárias, a observar a imensidão de janelas apagadas da cidade. Um clima desconcertante que não admite muito balanço de corpo nem agitação de espírito.
Meu eu, taciturno, que não poderia ter nascido em berço mais esplêndido, em uma família que só me orgulha e inspira, bem tratado desde o nascimento, com amigos às pencas que me ajudam e salvam, com amor que me faz palpitar cada dia mais o coração, me entrego às lágrimas quando o ano se aproxima do nascimento de Jesus.
Que vençamos, todos, a carregada jornada do calendário, nessas últimas folhas a serem arrancadas em 2023. E que faça valer aquela frase, falsamente creditada Mário Quintana, de que o bom do final do ano é que nos dá a sensação de que a vida não continua, mas apenas recomeça.

NA WEB
O PP de São Sepé agora tem canal no Instagram para fazer as críticas que o partido vai por em pauta na eleição de 2024. Com alguns errinhos de português, algumas fotografias mal tiradas, o partido, por seu canal cibernético, indica que fará oposição ferrenha na busca da eleição do ex-prefeito Léo Girardello no ano que vem.

MAJORITÁRIA
Quem está pronto no PP para concorrer a prefeito, caso Léo Girardello não se disponha a entrar na disputa, é o empresário David Leonardi. Experiente, o ex-vereador já procura lideranças nos bairros apresentando sua pretensão em estar em uma chapa majoritária no ano que vem. Na verdade, Seu David já foi sondado para ser vice do PP, numa chapa pura para 2024. A velha guarda da cidade, que sabe a postura correta do político, entende que seus 90 anos de idade não são empecilhos para uma candidatura.

PREPARANDO
Em constante treinamento, a juventude do PDT quer participar mais do governo municipal. Quem cutuca a pauta é Camila Fogliarini, assessora de comunicação da Prefeitura, e presidente da Juventude Socialista. Para vencer os argumentos da inexperiência dos jovens, Camila tem organizado capacitações técnicas e preparação política para sua turma.

SUCESSO
O Natal Encantos, preparado com boa parte de recursos oriundos da iniciativa privada e projetos de captação de recursos externos, mostrou-se como maior evento de natal das cidades da região. Fernando Vasconcellos e a equipe da Fundação Afif Jorge Simões Filho surpreenderam o público em uma semana que vai ficar marcada na história da cidade, com shows, atrações artísticas e mostras culturais. Segundo Fernando, melhor que este, só o do natal do ano que vem.

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