Apaziguou

Colunistas Geral

As atividades políticas de Marcelo Ellwanger e João Luiz Vargas, felizmente, melhoraram o nível do trabalho na semana que antecedeu a eleição. Depois de ter achado o subsolo do baixo nível, Marcelo guardou as ofensas dos últimos dias para terminar a campanha eleitoral com mais dignidade. Depois de ter chamado os adversários de “gentalha” e insinuado que o prefeito João Luiz tem problemas mentais, o último comício e nas entrevistas antes das eleições, o candidato (depois prefeito eleito) resolveu comportar-se como se espera de uma figura pública.

Vencedor
Essa eleição tem dois vencedores, além de Marcelo Ellwanger, que ganhou bem em todos os cantos do município para prefeito. O primeiro é Filipe Ilha, empresário que criou seu próprio partido, e trabalhou quatro anos para se firmar como peça importante no xadrez político da região a partir de agora. Seus inacreditáveis 1877 votos para vereador foram surpresa nacional, porque o degas aqui nunca ouviu falar de alguém que tenha feito, em eleição proporcional, quase 15% dos votos válidos. O outro vitorioso é o PSB, que nas mãos de Claudiocir Ferreira e Rodrigo Ferreira fizeram a diferença na eleição. É voz corrente que a campanha do 11 só parou de pé pelo trabalho e estratégia dos socialistas, que demonstraram habilidade para ampliar a bancada (tinham eleito apenas um em 2020), e figurar como vice-prefeito a partir de 2024.

Previsões
Embora o resultado da eleição para prefeito nunca tenha sido imaginado pelo degas aqui, na Câmara de Vereadores a previsão foi mais assertiva. Em primeiro lugar, as urnas revelaram no domingo o que já estava escancarado nas ruas: grande parte dos eleitores de direita, até então fanzocas do PP, acabaram apostando em Filipe Ilha – do partido Novo – para vereador. Na semana passada, a Palavra Afiada trouxe que PDT, PP e MDB fariam votos suficientes para eleger vereador através do coeficiente eleitoral. Além desses, Novo e PSB conseguiram vagas no Legislativo sem precisar contar votos nas sobras. O fenômeno do Novo distorceu um pouco a previsão, uma vez que nem aqui, nem na China, alguém imaginaria que Filipe faria, sozinho, quase duas legendas. E o PSB, embora trabalhando na linha da política tradicional, também foi surpresa em quatro belas votações: a de Claudiocir Ferreira, eleito com 392 votos, a de Matheus Leão, reeleito com 399 votos, a do professor João Vicente Gordo, com 224 votos, e de Giovani Aranha, com 211 votos.

Partidos
O PP, que tinha feito 40,38% dos votos para vereador em 2020, com 5.261 eleitores, deixou de ser o maior partido em São Sepé. Na eleição de domingo, a votação caiu quase pela metade e ficou em 2.613 eleitores, que representa 19,61% dos votos da cidade. Com essa queda, o PDT volta a ser o partido com mais votos proporcionais em São Sepé, 3.153, ainda abaixo das eleições de 2020, quando o partido conseguiu 3.612 eleitores. Outro que caiu foi o MDB, que tinha feito 2.531 votos na eleição passada e nessa alcançou 1.757. O PSB, embora tenha elegido dois vereadores, pela maior sobra, teve um crescimento de cerca de 500 votos, no que dá para creditar ao grupo do vereador reeleito Matheus Leão, que migrou do PDT para o partido no início do ano. Em 2020 o PSB fez 1.044 votos, e em 2024 conseguiu 1.596 sufrágios. O PT também cresceu, mas sem condições de beliscar uma cadeira no Legislativo. Na eleição passada tinha somado 548 eleitores, frente a 779 desta eleição.

Nova Direita
Os números confirmam. Os eleitores de direita, que sempre tiveram guarida no PP, agora se encontraram no partido Novo. Nos últimos anos, principalmente depois do fim das coligações para vereador, o PP mantinha-se como hegemônico nos votos proporcionais. Em 2012 o partido fez 4.045 votos, em 2016 cresceu para 5.215, em 2020 – mesmo perdendo a eleição – o partido manteve 5.261 eleitores. A queda veio neste ano, com o surgimento do partido Novo. O PP computou 2.613 votos e o Novo 2.268. Somando as votações, percebe-se que a força de direita ainda é majoritária no município, com 4.881 eleitores para vereador.

Trocadilho Ilha
O Filipe Ilha não está aberto a composição. Vai pelo que acha certo e não tem acordo político que segure suas ideias. Conhecendo a composição da Câmara de Vereadores como o degas aqui conhece, o vereador tende a isolar-se em uma ilha na internet. Isolado, vai ter dificuldade em encaminhar algum projeto, ainda que tenha um super aval popular e consiga, pelas redes sociais, esclarecer bem suas propostas.

Aliás
Se há um mito em São Sepé, a partir de agora é Filipe Ilha. O jeito polêmico e o perfil estudioso fez com que se abrisse, a partir desta eleição, uma carreira que pode o catapultar para deputado em 2026 e prefeito em 2028. Mérito do trabalho e da estratégia, que venceu as forças políticas tradicionais, tanto da esquerda quanto da direita.

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