Minha promoção a oficial do borogodó

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Ando acabrunhado, pois a minha promoção a oficial do borogodó não chega nunca. Estou achando a carroça meio empacada, mas também pode ser o cavalo que não ajuda. Suspeito a existência de forças ocultas desnorteando o meu intento, de modo a abortar um venturoso destino histórico.
Será por que fiquei lá na rabadilha no teste físico? É que venho esbodegado pela natureza-mãe, mas partioso que só vendo, uma coisa por demais. Total, já que estou indo mesmo servir de merenda pra tatu peludo, no implacável cardápio da cadeia alimentar, me dou ao regalo de classificar o que mandar pro tubo digestivo, vulgarmente conhecido por porão. Na órbita do repasto, só passo no peito aquilo que me agrada ao mastigo. Refugo comida requentada em muitos fogões. Atinente ao assado, se não for peça menos subalterna de bichinho tenro, agradeço a oferta e gentilmente afasto o espeto, como é do meu proceder mimoso em situações assemelhadas. A carne também não pode ser passada e nem gorda, por causa da tranqueira na veia-artéria.
Comer uma rabada, por exemplo, requer um mínimo de graxa na borda do osso. Digo isso porque tem que haver o telereio manhoso nos preparatórios da cola descarnada, mas depois que a gente mete ficha com mandioca quente, não quer saber de enfiar a colher de pau em outros refogados.
O borogodista da gema colorada tanto pode ser um cara mixuruca dos pilas ou munaia sentado no capim, dependendo da freguesia do mequetrefe no desempenho do têti-à-têti. Um aparelhinho menor que cabeça de ovelha, chamado borogodômetro, mede quem tem balacobaco, aquele “trem” a mais, o tempero da baiana ou a salmoura do assador de costelão doze horas, pois de que adianta ter lábia de gigolô e ginga de passista e não ter borogodó?
Feitas tais considerações, por imperiosas, mostra-se chegada mais uma revolução, pelo que se vê das ameaçadoras mensagens cibernéticas que andam circulando por aí. Povo não aceita estado de direito com tanto entortamento. Uma nova ordem é previsível nas redondezas adentradas de São Sepé indo em direção ao fundo do Bujuru. Sem peleia à vista, não tem solução para quem prepara mocotó com gás de cozinha e faz uber de Peugeot 206. Estourada a reboldosa, de pronto lembrarei a vivência de eletricidade do trinchão Rogério Silveira. Poderá chefiar interrogatórios e tropa de “choque”. As circunstâncias recomendam atentar para as cercanias. Caçapava e Formigueiro sempre muito perigosas por vocação monárquica e ligações com organizações apátridas do tipo Greenpeace. Ausências se farão sentidas nas hostes militares durante os combates que se avizinham em defesa do nosso glorioso e imaculado território: Tio Colosso, Presidente, Vento Norte, Baiano Velho, Januário Becker e Vicente Pereira, além de outros cabos e vates.
Uma sofisticada análise sócio-política deve ser bem examinada no terreno das conjeturas e negaças. Respondo acerca dos efeitos do borogodó após delongas meditativas, e confirmo sua importância na fé-de-ofício para promoção e pré-requisito indispensável para comando da tropa e trepar na carreira. Alguma eventual feiosidade deste que vos fala só empresta valor ao aspirante ao oficialato militar pretendido, pois, além de falar grosso – embora gago -, tem a cara turca enrugada e sorriso de hiena. Muito importante durante o curso no quartel usar óculos ray ban escuros, do tipo de negar conta, pois isso acoberta algumas assimetrias faciais. Para enfrentar o destelhamento a comissão de avaliação da caserna recomenda casquete de padeiro com a quilha voltada pro lado de tirar leite, o oposto do lado de montar.
Tomados tais providenciamentos, basta burilar o borogodó que a promoção é um abraço!

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