Passei a infância, na década de 1980, ouvindo as especulações sobre um tal quinto integrante da banda The Beatles, que teria abandonado o conjunto e poderia estar, mundo à fora, vivendo sem a fama dos músicos da formação original. Com a morte de John Lennon, baleado por um fã, cresceram comentários na imprensa de que poderiam resgatar o Beatle fujão para recompor o quarteto de Liverpool. Não recordo as fontes, pois vivíamos sem esta enxurrada de informações que a internet nos dá, mas provavelmente tenha recortado esta notícia do Espaço Livre, nas vozes da Flávia e do Enilton, ou então da coluna cultural do Zanatta no Jornal A Razão.
Criança, mas muito espertinha, minha irmã Maria Alice desvendou o mistério: o quinto Beatle era o Geraldo Pereira, que foi colega de trabalho do nosso pai. Só pudera ser, dizia ela, mediante as características do corte do cabelo, do casaquinho démodé, e do violão sempre afinado no porta-malas de uma Brasília verde musgo que transportava ele e suas canções. Depois da nossa descoberta, compartilhada entre os familiares – lê-se aqui a mãe, o pai e a Goga – observamos que Geraldo trocou de carro: apareceu ao público com uma Ipanema branca, bem igual a dos artistas da época, principalmente para carregar caixas de som e outras quinquilharias do mundo musical. Essa foi a confirmação, por parte da Maria Alice, de que a fama secreta estava lhe rendendo generosos cachês.
De Beatle sem pompa internacional a meu professor de música foi um pulinho. Isso porque, todos vocês sabem, que nesse ramo a gente precisa, além de tanger bem a viola, ter os contatos com aqueles que respiram música todas as horas do dia. Ele foi um ótimo mestre, em contraponto a minha péssima disciplina com estudos das progressões cromáticas e dos solfejos. Entrei e saí da música sem aplausos, mas sempre lembrado pelo dedicado professor. Dia desses, faríamos uma janta para retomarmos a leitura das partituras antigas, que deixei às cegas nas aulas que não fui. Já arranho um dedilhado com a mão esquerda da gaita, me defendia, para mostrar que – embora não tenha talento – o esforço tem sido minha arma nesta luta terrena.
O encontro, como podem prever, não saiu. Para nossa tristeza, embora tenhamos poupado ouvidos dos amigos que também estavam convidados para este encontro.
Discretamente, essa semana, o Geraldo deixou os palcos da vida. Com reconhecimento imenso dos amigos, que sempre foram seus fiéis espectadores e maiores fãs, já que as virtudes dele transbordavam as infinitas linhas das escalas musicais. Fiquei eu, com semblante abatido de criança, por perder uma parte boa da minha infância. Sem falar naquela dúvida cruel, nunca confirmada por ele, de que até ontem morava em São Sepé o famoso Beatle que foi renegado das capas dos LPs.
BOCA NO TROMBONE
O vereador Renato Rosso, do PP, botou a boca no trombone na sessão da Câmara de Vereadores. O foco da crítica pesada foi o degas aqui, que narrou seu voto com relação ao aumento de salários e criação de cargos. Na visão de Renato, sempre que um projeto ´para aumentar o salário de servidor público vier para o Legislativo, seu voto será a favor.
CONTRA A URGÊNCIA
O vereador Paulinho Nunes, do PSB, votou contra o pedido do líder do Governo, Tavinho Gazen, do PDT, para votar com máxima urgência projetos que realinhavam salários de algumas categorias de servidores. Paulinho, há bastante tempo, manifestou que vota contra dispositivos que acelerem a tramitação de matérias, ainda que sejam importantes. Todos os outros vereadores votaram a favor, para que o aumento seja computado no sistema de pagamentos da Prefeitura imediatamente. No final, o projeto foi aprovado por unanimidade.
PREFEITURA PRESENTE
Depois de muita crítica de moradores das condições da Vila Block, a Prefeitura fez um mutirão para regularizar problemas nas ruas e iluminação. A praça também está sendo requalificada, com bancos, playground e área de convivência. Hoje o prefeito João Luiz Vargas e o vice-prefeito Fernando Vasconcellos levaram toda a equipe de trabalho para atendimento presencial no distrito, dentro do Programa Prefeitura Presente.
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