Na última terça-feira, 25 de julho, a Secretaria da Saúde realizou um evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, na Fundação Afif. O encontro teve como foco a reflexão sobre a luta das mulheres negras contra o racismo, a misoginia e o machismo, temas debatidos por personalidades sepeenses femininas negras.
Na ocasião, as participantes falaram sobre as suas trajetórias, pesquisas e situações de racismo presenciadas e vividas em São sepé. Outro ponto levantado, foi a importância de políticas públicas voltadas para a população negra e os espaços de sociabilidade em São Sepé, como CTG Ronda Crioula, Visconde do Rio Branco e as separações que existiam.
“O evento foi um passo muito importante para a luta antirracistas, inserindo o debate étnico e de gênero para pessoas que devem estar preparadas para atender a um público diverso, respeitando suas existências e suas lutas”, destacou a Idealizadora do Coletivo de Arte e Cultura Negra Sepeense 20 de Novembro, Lara Cornélio.
“Em uma sociedade que vivemos atualmente, estruturalmente racista e machista, é uma oportunidade que nós mulheres negras temos de lutar contra a opressão de gênero. No Brasil a homenageada é a Tereza de Benguela, que foi um símbolo para o povo negro, e eu gosto de exaltar que a nossa representante no Estado, a Dandara de Palmares, foi uma grande guerreira, protegendo o seu quilombo, tornando-se um símbolo de mulher forte. Mas não mudou muito com o passar do tempo, e até hoje a mulher negra ainda é a principal vítima de violência, e não precisamos de um dia especial, acredito até que é uma questão de educação, é histórico, está na cultura do nosso país, o negro ser discriminado, excluído, ter as menores e piores oportunidades. A cor da pele não muda o caráter da pessoa, não deveria ser assim”, ressaltou a integrante do grupo Mulheres Negras Quilombolas, Cristina Silva.
“Esta é uma data importante para refletir sobre todas as questões relacionadas à força da mulher preta, dentro da nossa América Latina. Dentro desse processo também é extremamente importante ver e conseguir se agrupar com pessoas que querem fazer a diferença. Se unirem dentro das pautas atuantes em um mundo melhor para construirmos pensamentos anti racistas. Não basta não ser racista, a gente precisa ser anti racista”, pontuou a mulher trans e ativista das lutas anti racistas e pautas LGBTQIAPN+, Ísis Gomes.
“Então, eu acho que a reunião aberta com essas mulheres potentes ontem foi significativa para aprendermos e refletirmos sobre como nossa sociedade é estruturada. É urgente não apenas debater gênero e racismo, mas sim agir enquanto coletivo contra as muitas formas de violência. Acima de tudo, é preciso dar visibilidade e reconhecer a importância da diversidade na sociedade. Sou uma mulher branca, é obrigação combater o racismo e a violência de gênero”, finalizou a dentista na ESF Tatsch e Coordenadora da Política de Equidade, Valquiria Brum.
Participaram do encontro como convidadas Lara Cornélio, Jocieli Flores, Cristina Silva, Ísis Gomes e Adriana Aires.
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